O Filme
Este Web Site foi criado e desenvolvido como apoio a este curta por

O filme narra a história de uma pessoa em meio ao caos urbano. Fala-se de um processo que não é natural, do ser humano engessado, em suas roupas, em sua cidade, com seus ruídos, seus  barulhos, em seu tom cinza, na opressão de um meio que te aborta todos os dias, que não te deseja, mas te consome, que precisa do seu desespero, da sua angústia, que se alimenta da sua loucura, da sua doença, que não te quer ali, mas “necessita” de você para existir.

Superlotação retrata essa angústia.


A viagem é por um caminho já conhecido.  ônibus, metrô,  baldeação,  trem.

A viagem de trem, não sei se pela paisagem ou por alguma memória de livros, filmes, parece remeter a algum lugar perdido no tempo, pois o tempo é outro, a velocidade é outra e talvez seja ela que nos remeta a esse lugar onde o tempo tinha outro tempo, mas quando olho através dos muros ou alguma fresta vejo o corre-corre da cidade que nunca para.

Lembrança constante de um tempo que não consigo alcançar, nem acompanhar, uma correria sem fim que sufoca, agride e é quase sem função, não fosse a nossa alienação, mas tenho que seguir em frente.

Chego à estação, muita gente, não se conhecem, mas tem algo em comum, o trem, o corre-corre atrás da grana nossa de cada dia.

Vamos começar a filmar, não temos onde nos trocar, claro que improvisamos, só que quando nos demos conta estavamos praticamente sem roupa em frente a cabine da polícia, mas não fomos presos.

Lá no momento da filmagem enquanto conversávamos descubro que o personagem tem síndrome do pânico, ali percebi que na verdade não haveria personagem, pois sofro do mesmo problema, mas vamos lá.

Muros, carros, lugares altos, fotos, pula muro, rasga calça, um cuidado a mais, pois pode aparecer coisas que não precisam, uma correria, a pausa o almoço, uma rápida conversa sobre o que conseguimos produzir e voltamos. Precisávamos que ser rápidos, pois tinhamos só aquele dia para filmar todas as cenas e por incrivel que pareça tinha mesmo que ser tudo naquele dia, pois a luz estava perfeita, o sol acordou muito disposto a nos ajudar.

Mais corre-corre, andar por entulhos, subir em caçambas, corre entre os carros.

Chega o fim da tarde, acho que um entardecer como poucos, pelo menos visto por mim ultimamente, pois a paisagem da cidade não colabora em nada.

Voltando pra casa a no trajeto trem, baldeação, metrô, ônibus percebo estar novamente no velho e conhecido corre-corre e me pergunto, será que essa correria é por causa da lotação, ou o contrário, ou simplesmente temos que criar espaços dentro disso tudo para apreciar nem que seja um entardecer ?

Isso nem é conformismo, mas o caminho do individualismo é cada vez mais "tendência" e muito bem direcionada. 

- Clayton Freitas
Protagonista